terça-feira, 31 de agosto de 2010

Testemunhos: Dos bancos acadêmicos para o altar

Willian Delfino de Santana, um jovem goiano de 32 anos, resolveu deixar tudo para seguir Jesus consagrando-se inteiramente a Ele por meio do sacerdócio. Em 1995, conheceu o MUR na Universidade Estadual de Goiás (UEG) e, atualmente, ele doa a alegria de sua juventude a este Ministério que o acolheu durante a sua vida acadêmica.



1. Como e quando você se sentiu chamado ao sacerdócio?

Não foi um chamado pontual, mas um processo que foi sendo identificado ao longo de muitos anos. Desde a adolescência, eu já sentia esse chamado, essa inclinação ao sacerdócio, mas não sabia discernir se era uma fuga das dificuldades da vida (passar num vestibular, constituir uma família, ter um bom emprego) ou se era algo real. Mas com o tempo, na medida em que fui realizando todos os meus sonhos, pude perceber que não se tratava de uma fuga, mas sim de uma necessidade. Só consegui decidir aos 24 anos de idade e, como disse, não por um evento pontual, mas sim por uma analise de minha vida, de minha história e por encontrar nessa uma confluência de dados e eventos que me levavam nessa direção.



2. Qual a sua sensação ao ser ordenado sacerdote?

É difícil expressar em palavras o que o evento “ordenação” provoca numa pessoa. Foram várias sensações, mas a mais impactante foi a possibilidade de ser instrumento de Cristo no perdão dos pecados das pessoas. Durante a cerimônia da ordenação o momento mais impactante foi o abraço dos sacerdotes, simbolizando a inserção no presbitério!



3. Como você conheceu o MUR?

Durante os anos de 1995 a 2000, cursei Ciências Contábeis na UEG. Uma grande dificuldade que encontrei na universidade foi a “agressividade” do ambiente com relação à fé e aos princípios cristãos que eu trazia comigo desde minha infância. Acabei ficando um pouco isolado por não comutar das opiniões comuns do ambiente. Mas um belo dia fui convidado para participar de um tal de “GOU” nos intervalos das aulas e logo tive a oportunidade também de tocar teclado nos encontros deste grupo. Foi uma oportunidade fantástica, pois encontrei pessoas que partilhavam das mesmas idéias que eu, que tinham os mesmos anseios de santidade, sem falar na possibilidade de interagir com pessoas de todos os cursos e todos os períodos... Foi paixão a primeira vista!



4. O MUR te auxiliou neste processo de decisão vocacional?

O período de formação universitária foi turbulento. Havia uma constante insatisfação e o medo de estar fazendo a coisa errada. Não sabia se essa era realmente minha vocação... Os momentos de encontro do GOU e os AcampGou’s eram preciosos para que eu pudesse realmente, mesmo na faculdade, experimentar a presença de Deus e a sua atuação na minha vida! Acho difícil pontuar a forma como o MUR influenciou minha vocação, mas acredito que talvez a maior influência tenha sido por parte das amizades que lá constituí (e que trago até hoje muitas delas). Com certeza, a oração dessas pessoas foi decisiva para meu discernimento e decisão! Após a decisão, ao longo de toda minha formação sacerdotal (sete anos), uma de minhas grandes motivações era a possibilidade de fazer algo pelos universitários, de estar com eles em seu ambiente, mostrar pra eles que há algo mais na vida do que aquilo que seus olhos podem ver... Isso sempre foi um grande estímulo pra mim!



5. Recentemente assistimos diversos escândalos envolvendo o clero. Como um jovem deixa tudo, salário, um futuro promissor pelo sacerdócio?

Ao nos depararmos com essas situações, onde homens que foram formados para ser um sinal de Deus no meio dos demais causam tamanha dor a outras pessoas, devemos primeiramente ser tomados por um sentimento de compaixão (embora definitivamente isso não seja nada fácil) e lembrar que nós também trazemos em nossos corações nossas mazelas, nossas dificuldades, que às vezes não são tão visíveis, e talvez por isso não escandalizem tanto aos demais... Isso não justifica a atitude deles, mas ajuda a entender. Mas ademais disso, esse sentimento não deveria causar um rechaço com relação à Igreja, pelo contrário, deveria causar uma comoção para fazer algo em prol desta que é a nossa Mãe! Certa vez, num momento de crise, disse que não entraria nunca no sacerdócio, porque havia muitos padres que só se preocupavam com dinheiro, status etc. Uma pessoa muita sábia disse-me: “Está bem, as coisas estão ruins dentro da Igreja por parte de alguns membros, mas e você, o que vai fazer? Vai ficar de fora criticando ou vai entrar para fazer alguma coisa?”! Esse questionamento me provocou bastante. Não que eu possa fazer muito, mas pelo menos minha parte quero fazer! Agora quanto ao “deixar tudo”: dinheiro, carreira promissora, bens, confesso que não foi algo preocupante para mim. Deus sempre tem sido muito bom para comigo, e sempre tem me proporcionado tudo para o meu bem estar, e a passagem bíblica que diz que estes “receberão 100 vezes mais tudo isso aqui na terra já” é extremamente verdadeira! A alegria de poder servir a Deus, de entregar-me plenamente, de poder celebrar a santa missa trazendo Cristo aos homens, perdoar os pecados e outras mais possibilidades justifica toda e qualquer entrega!



6. Como foi voltar ao ministério que te acolheu em sua vida acadêmica?

Minha formação sacerdotal foi feita toda em São Paulo. Por sete anos estive fora da minha diocese. Quando cheguei e fui ordenado diácono, o Bispo me procurou e disse que eu tomaria conta da Pastoral Universitária. Pra mim foi uma grande alegria, mas também causou um certo temor, pela exigência desse trabalho. Mas logo procurei os responsáveis pelo MUR e começamos algumas formações e alguns planos. Foi uma sensação maravilhosa, pois era como estar revendo um amor de longas datas, que já há tempo não via, que não sabia mais sequer suas formas... Confesso que tem sido não só um prazer, mas uma honra poder trabalhar com vocês [universitários], e certamente tenho crescido mais que feito crescer!



7. Que postura deve ter um universitário católico dentro de uma universidade?

Como eu disse acima, o ambiente universitário apresenta-se deveras agressivo para alguém que busca manter seus princípios cristãos, mas isso não justifica uma postura indiferente, mascarada, que se envergonha de seus princípios. Faz-se necessário lutar por seus valores, e para que isso aconteça, é preciso que este universitário esteja convencido de que “aquilo” que ele trás consigo (JESUS CRISTO) é muito mais valioso que qualquer outra coisa que os demais jovens podem oferecer-lhe. É necessário que ele se convença de que sendo um verdadeiro cristão ele poderá expressar em seu semblante uma alegria tal que os demais jovens sentirão uma “santa inveja” dele, ao ponto de se perguntarem “O QUE ESSE JOVEM TEM QUE EU NÃO TENHO?”. É importante lembrar que o testemunho é uma das mais eficazes evangelizações que os jovens podem fazer em seus ambientes acadêmicos.



8. Qual a sua mensagem para os jovens que se sentem chamados à vida sacerdotal?

Não tenham medo! Jesus não tira nada, mas dá tudo (JPII). Se esta for realmente a sua vocação (lembre-se que não necessariamente virá outro “Arcanjo Gabriel” para lhe falar, mas pode ser apenas uma “confluência de dados” que convergem nessa conclusão!) abrace-a com força. Não há maior dignidade para um homem que ser sacerdote, outro Cristo, o mesmo Cristo para os homens. Ademais, eu lhe digo, se Ele realmente o chama, Ele vai insistir... Ele nos convence e nos arrasta. Chegará um momento em que você não verá outra alternativa para sua felicidade que a entrega total a Este que o ama deste toda a eternidade!

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